26 maio 2010

Chillout Ibiza 3 - Baleraric Lounge (2008)

Artist.....: Various Artists
Title.......: Chillout Ibiza 3 - Baleraric Lounge
Year.......: 2008
Label......: Paper Chase
Genre.....: Chillout, Lounge, Downtempo
Quality...: mp3 VBR V2 kbps
Time.......: 76:26 min
Size.........: 110 mb

Tracklist

01. Signfield - Sunrise Theme 04:06
02. Liquid Motion feat Georgia - All The Time (New Horizon) 04:56
03. Sirius & Nyla - Yo Le Le (Wave dub) 03:46
04. Oxygene - The Ocean (Goldtripp remix) 05:33
05. El Fuego - Watching The Stars (Interlude) 02:21
06. Sol Y Mar presents Natascha - La Fantasia Del Mundo (Juan Padilla mix) 03:46
07. Jon Crusoe - I Have A Dream (Chillout mix) 05:46
08. Dublication feat Pierre - Chillin' With Me (Slow dub) 03:48
09. Easy Listening - Coffee Time 04:02
10. Dolphin's Talk - Look Into The Future (Interlude) 02:50
11. Alain Sylvain - Doux Mystere VII 03:22
12. Blue Metheny - Silver Lights (Canis mix) 03:46
13. The Afterworld vs Darwin - Hypnos (Interlude) 01:59
14. Cafe Lounge - Reflection Del Mar 03:36
15. Zouave - Sentir El Calor (Calabria remix) 04:38
16. Sonar - Moments In Love (part 3) 06:37
17. Polar Dreamer - Journey To Infinity (Space Night dub) 09:05
18. Jerry Howard - La Grande Finale 02:29

Download:

The Ocean (Oxygene)

Just beautiful! Amazing clip from BBC Documentary 'Planet Earth'.

Music: Oxygene - The Ocean (Goldtripp Remix), Chillout Ibiza 3 Baleraric Lounge Album.

09 maio 2010

Reaprendendo a Amar

Nós nunca amamos uma pessoa pelo o que ela realmente é. Amamos alguém por aquilo que ela representa para nós. Isso rege todas as relações afetivas humanas. Um filho vai ser sempre um filho. A mãe sempre irá apoiá-lo, mesmo que seu filho seja um assassino, um estuprador, ela irá levar uma marmita para ele na prisão sempre q puder. Ninguém deixa de ser filho.

Quando uma mulher diz amar seu namorado, não está mentindo, ela realmente ama seu namorado. Mas é como se ela amasse o personagem, e não o ator. Após o fim do namoro, você continua a mesma pessoa, os mesmos defeitos, as mesmas qualidades, mas agora você não é mais o namorado. Seu papel mudou. Agora você é o ex. O cargo de protagonista deverá ser ocupado por outra pessoa, e muitos se ofendem, "como ela é capaz de trocar de namorado tão depressa." Mas ela nunca trocou de namorado. Apenas trocou de ator. Seu imaginário de como é e como deve agir um namorado é o mesmo, e é exatamente isso o que irá regir as comparações e o possível êxito do namoro. As pessoas não mudam. Temos a impressão de vê-las mudando, porque alteramos o papel que ela representava em nossas vidas. É como andar pra trás e ver uma pessoa ficando pequena à medida que caminhamos.

Na psicanálise, é comum ouvimos a expressão "ato falho", quando alguém diz uma palavra querendo dizer outra, acidentalmente. É comum no início de um relacionamento alguém chamar o novo parceiro pelo nome do antigo. Isso normalmente gera um mal-estar terrível, e é visto como um péssimo sinal. Pelo contrário, é um ótimo sinal. Significa que você está assumindo o papel ocupado por outra pessoa: ela está aprendendo a te amar e te ver como um namorado. O cérebro ainda está se acostumando com a troca de atores, assim como demoramos um pouco para associar o papel de 007 com o rosto de Daniel Craig, e não com o de Pierce Brosnan.

O que essa percepção altera em nosso modo de ver o mundo? Passamos a ser mais tolerantes com as atitudes alheias, a criar menos expectativas fantasiosas. Precisamos desaprender o que a Disney nos ensinou durante toda nossa infância, recriar toda nossa percepção do que é o amor. O amor pela pessoa em si seria um amor eterno, e por isso mesmo, irreal. Devemos aceitar que o amor vai e vem, e o papel de parceiro amoroso será desempenhado por vários atores durante nossa vida e na vida dos outros, por mais doloroso que isso possa ser às vezes.

Por Felipe Cavalcanti

06 maio 2010

O Amor (Khalil Gibran)

Um dos poemas árabes mais belos,
escrito por um dos maiores poetas da humanidade:
Khalil Gibran
~ O AMOR ~
Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
“Deus está no meu coração”,
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.

02 maio 2010

Transa Gramatical

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
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Redação feita por um aluno do curso de Letras, da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco - em Recife, que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

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